Um mapa para a memória

Ao reencontrarmos a cidade, após a pandemia, estaremos distante daquela presente em nossas memórias.

“Todavia, não se perdera quase nada do antigo esplendor de Clarisse, estava tudo ali, apenas disposto de maneira diversa mas não menos adequada às exigências dos seus habitantes” – Italo Calvino, As cidades invisíveis

No mesmo momento em que alguns critérios de isolamento social estão sendo abolidos, e vemos uma maior circulação de pessoas nas ruas, as eleições municipais se aproximam. Estamos diante da cidade. O reencontro de cada cidadão com suas rotas favoritas desperta um aproximar entre a cidade e a memória.

Era exatamente assim?

A cidade não será a mesma de quando a deixamos para nos isolar em casa, momento em que a pandemia chegou sem bater à nossa porta. Reencontraremos-na diferente. A distância entre como era e como está (e vai ser) precisará ser suportada pela nossa memória, e também por nossos desejos.

Alguns lugares queridos por nós estão fechados e assim permanecerão. Alguns fecharão, é a dura realidade. É verdade que novidades virão, mas elas ainda não fazem parte de nossas lembranças, de nossas histórias.

Italo Calvino descreveu uma de suas cidades invisíveis como um lugar que não é feito senão pelas relações entre as medidas de seus espaços e os acontecimentos do seu passado. As cidades são particulares aos seus habitantes – particulares às memórias individuais, que certamente precisarão de um tempo para se habituar com a nova cidade, um resto de cidade, que se apresentará.

O trabalho das imagens nesse sentido é suplantar o desejo de cidade, que é também um desejo de convivência. Quando enclausurados, recorremos à nossa imaginação para aliviar o estresse e inclusive o medo, nos tornando reféns das constelações de imagens que explodem em nós e ilustram o tecido urbano com um pouco de cada um.

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